Quis levar em meu peito
Só o que bastasse
Não o que pesasse
Como as angustias e os medos
Que por hora me fizeram crescer
Mas que na estrada, hei eu de deixar
Carregarei em meus pensamentos só o que me estremeceu
O que fez meus anjos (e muito mais meus demônios)
Trepidarem, mergulharem na emoção que me merece
Não levarei grandes artefatos
Andarei descalço pelos espinhos
Pois só o simples me basta, só o singelo, que for da alma
Quero comigo
Levarei meu sorriso de criança nos ombros cansados do velho
Levarei o brilho da juventude nos ventos da acomodação
As estradas hão de me guiar, hão de me fazer
Dos pés à cabeça, alguém maior do que eu
Mesmo que meus olhos estejam cansados e minhas mãos
calejadas,
Continuarei andando...
Não me entrego por meio termo
E só caio, se for por terra
Mas ainda hei de levar comigo, a doce imagem
Da pena na mão, do olho no olho, do corpo que estremeceu
Nem que fi-lo meu ponto final em escuridão
Ainda enalteço o brilho que da minha janela verde
Um dia me fez, me formou, me elevou
De mero mortal para alma, luz e eu por completo, aprendendo
a querer o bem. A fazê-lo.
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