domingo, 29 de maio de 2011

Nós e vocês

Irônico mais do que tudo, somos nós mesmos.
Ontem eu esperei te ver, te encontrar em qualquer lugar que fosse. Tampouco te lembrou de mim, quanto já andava com quem não deves, ou não deveria - enquanto eu sonhava em estar por aí.
Não posso me culpar pelo destino, então, meia culpa cada um, como já diz Ana Carolina, e cada um que vá cuidar do seu.
Porém o relógio gira sem parar, e não há tempo para perder. É agora, ou... Agora.
Se eu deixar para depois, sei que será tarde, e veja meu bem, o que a distância de tempos atrás nos fez: quase estranhos, quase absortos em nossos mundos que se separaram tão rápido. Mas você nem para telefonar.
Tudo o que eu te ofereço ainda é pouco. Todo eu, por inteira. 
As nuvens enegrecem o céu quando te vejo, me fecho com escudos que mal sei da onde saem. Meu medo de acabar machucada com a nossa história anda tão grande, que os contras andam maiores que os prós.
Não me ensinaram a saber lidar com as mudanças, onde a flor mais bela, murcha e as suas raízes além de arrancadas, olham novas platinhas tão pequenas e frágeis, encantado quem sempre eu encatei. 
Apesar de tudo fugir do meu controle e eu com isto já ter acostumado, só não consigo controlar essa dor aqui dentro. 
Entre a cruz e a espada seria mais fácil do que entre nós e vocês. 
Só queria que me notasse e voltasse a ser tudo como antes. Exatamente como antes.

quinta-feira, 26 de maio de 2011

Gongos da sensatez

Não sei se é a minha cabeça ou o meu coração que doi mais.
Minha cabeça lateja feito gongos mas mesmo assim, rodo, rodo e termino no mesmo lugar.
Tentei criar a melhor tese possível para que eu mesma me enganasse, mas essa droga de coração insiste em piorar as coisas.
O pior ainda é eu não mais chorar uma lágrima, e aqui parecer bruta, pois não sei mais o quanto isto me atinge.
Por mais que eu procure ser racional, deixar que tudo se pedrifique e assim eu sofra menos, tudo isso aqui dentro, tudo o que me faz, não deixa. Não deixa que eu aceite a realidade e saiba fazer bom uso, ou ao menos, bom convívio.
Entretanto sei que me desmancho no primeiro sorriso e não largo tua presença.
Mas como lidar com algo que há pouco tempo era só teu e agora, é como fogo morto que se apaga e as cinzas não mais chamam a atenção ? Não mais fazem com que a vida seja encalourada como nos nossos dias de verão. Não há mais motivos para permanecer aqui, mas como partir?
Só que se não bastasse, algo chega e além de te tornar uma cinza, te desprotege do vento e te deixa ser levado pela ventania.
De qual seja a forma, só me diga: como prosseguir.
Mas leve com você toda a minha sensatez.

quarta-feira, 25 de maio de 2011

360º

"Quando eu cheguei e larguei a  bolsa em cima da cama, tudo parou. É como se houvesse então uma quebra entre o "lá fora" e o "aqui dentro". Me deparei que nada mais fazia sentido. Tampouco eu.
Posso ser sincera comigo, e me dizer que dei tudo o que havia em mim, dei o meu melhor, procurei soluções, me enganei para não ser pior. Me ocupei tanto comigo que me esqueci. Eu só queria desviar a minha atenção, me encher de outras coisas para que eu nunca lembrasse de mim, para não voltar a estaca zero. Para não ver que eu ando em círculos mas que por mais que eu me dedique a melhorar, não flui assim.
E então vem, e tocam na minha ferida. O estresse com as coisas corriqueiras passam, e quando eu mal vejo, a unica coisa que sai ainda de mim é toda aquela tempestade que eu havia guardado de mim mesma. Eu me despenco, freneticamente, repentinamente. 
Mas onde deu errado ? Onde eu não consegui esconder aquilo que eu tanto evito que os outros saibam, mas ao mesmo tempo, quero que notem? Quero que me vejam, que se importem. Quero que vejam, que além de braços e pernas, de corpo, eu também tenho alma, eu também existo além de toda a superficialidade que há.
Mas até onde o problema é meu? Tal qual seria até eu me sentir fraca, abandonada, ou tudo isso seria misericórdia propria? Seria meu próprio ego ferido, seria o meu excesso de carência? Mas onde termina a culpa dos outros sobre a minha vida e onde começa a minha?
Passei os olhos pelo roupeiro todo estampado, exalando o meu, e só meu jeito de ver as coisas: de querer cor, calor, de querer que tudo exale algo. Mas já não dou a mínima. De que me adianta tudo perfeito por fora se por aqui anda tudo pior do que frio, gélido?!
E quando eu consigo quiçá melhorar alguma coisa, dias passam, e chega mais coisas me notando, me reparando. Me confundem.
De tudo, eu só queria uma coisa: me encontrar. Sair daqui, sair desse lugar, dessa mesmice. Virar os 360º.
Talvez um dia me encontre ou não encontre jamais. 
Mas que todos esses aqui dentro de mim, saibam conviver em harmonia. " - E então a porta se abriu.



sábado, 14 de maio de 2011

De um sábado à noite, Roberta.


"Meus santos e demônios trepidam. Eu não me entendo, só sei que gosto disso, gosto dessa sensação.

Tudo parece tão novo, tão alucinógeno quanto um LSD. Uma viagem sem fim - e nem me lembro do começo.
É como se fosse um lado que eu não conhecia. O lado negro, e que eu não sei até onde vai suas forças.
É como se nada fizesse sentido e isso fosse o melhor de tudo.
O freio quebrou e o pé trancou no acelerador. 200 por hora, nada para, não faz sentido. Só continue. Não pare a festa.
Talvez sejam os hormônios ou a bebida. Talvez seja o cigarro, as garotas que falam sem parar. Talvez seja o tudo.
Aqui é tudo tão melhor, eu não quero mais voltar. Se voltar, me perco, me estrago.
O mundo gira mais rápido, eu simplesmente me sinto em paz, mas essa paz não me dá sossego. Quer sempre mais, que estar lá fora, quer fazer o socialmente inaceitável. 
Essa coisa que pulsa aqui dentro, qual o seu nome?
Talvez nada passe de uma alucinante viagem.
Daqui não volto."



Em um certo dia

Um dia Joana levantou-se da cama, e como se sacudisse a poeira, deixou tudo o que lhe havia ferido ali, enrolado no emaranhado de cobertas.
Resolveu abrir a janela e ver que o sol, por mais nuvens que houvessem naquela manhã de julho e que lhe ofuscassem, ele continuara por ali sem perder o brilho.
Deixou de lado o convencional, a calça jeans surrada e a blusa cinza, discreta, e optou pelo vestido florido e por botas que lhe marcassem estilo.
Então, ela resolveu colocar brilho nos olhos já foscos e ao poucos, exalar o que por tempos não havia por ali: uma sensação de liberdade, de todo o frescor que a juventude lhe dera e ela mal soube aproveitar.
Resolveu deixar para lá os ventos frios que sopravam contra ela. Resolveu deixar pra lá, o que todos diziam que seria impossível : escolheu recomeçar.