sexta-feira, 22 de julho de 2011

Quedas e tombos do empecilho

"Enfeita a casa. Brinda a vida.
Faz do teu o gramado mais verde da vizinhança, acha que não há maior esplendor do que aquilo que de você emana.
E como sempre, da segunda palavra, vem o tapa da luva que te deixa destroçado, e o pior, faz com que tu vejas que todo o esforço está ali ainda, mas em ti nada mais pulsa pedindo para que todo aquele amor por si próprio volte. 
Te repugna a ti mesmo, pois estava tão certo de si, mas acabas por ver os mesmos erros do passado contemplando-lhe novamente o presente e enegrecendo o futuro.
Torna-te incolor, mas algo ainda lhe diz que deve levantar a poeira, sacudir o tapete e enfiar para debaixo da cama toda aquela sujeira que novamente te acerca, mas que realmente tu não sabes o que fazer.
Faca de dois gumes é mais fácil de resolver do que nossas vidas e nossos problemas.
Se acabares tudo, logo ali morrerás. Se continuares, viverás cegamente na escuridão temendo que  não desvencilhe-se nunca  e perca mais do que já perdeste. 
Se mudares, não saberás como, pois aqui fincaste bases, criaste raízes e nada se liberta.
Se existisse poção mágica, creio que tua todas as unidades seriam. Não que exite em lutar, mas exita em viver repentinamente as mesmas coisas e não poder, como em um toque de mágicas, tocar ao fundo e tirar com a mão a dor que te atordoa. 
Espero de coração te encontrar em uma melhor, por mais que tudo agora esteja mais pleno do que antes, mas que seus demônios por vez se acalmem e achem destino, pois gênio forte se cria. Mas se cria em pedaços.

terça-feira, 19 de julho de 2011

Aproveitar você

Os ponteiros dão voltas incessantes no relógio e as horas passam como se nada mais importante lhes fizessem parar.
Precisamos não correr contra o tempo, não deixar que escape pelos dedos todos os momentos que podemos aproveitar juntos.
Como se o cronômetro fosse ativado e a contagem regressiva, a cada instante que passa, se acelera. Mais, mais, e mais.
Não posso te deixar ir sem ao menos lutar por ti, é contra as regras, é contra o meu jogo.
Abrir mão do meu xeque-mate é o mesmo que deixar com que a outra Dama tome o meu Rei.
Mas o mundo gira feito roda-gigante e as nossas vidas, por mero acaso se cruzaram, mas não estava escrito que iriam se juntar. Se aproximar, talvez, mas que seríamos somente um, foi sonho meu e nada mais.
Antes que o dia amanheça e que você mais uma vez se vá, preciso aproveitar você.
Sonhando que nunca vou acordar e nos meus sonhos sempre irei te ter, da forma mais nobre em que dormir é simplesmente o motivo que acordo. Logo, posso sonhar, e nos meus sonhos é onde te encontro. 

Para lembrar de se perder

Na necessidade de nos acharmos é que nos perdemos. 
Mas sabe, eu acho uma coisa só: esqueceram de nos ensinar quando pequenos, que se perder também é forma de se achar.
Se perder também é sinônimo de medir forças, mas da maneira mais nobre que se possa: medir consigo e não com os outros. 
É saber até onde mantemos os pés no chão por conta própria, sabermos até onde somos capazes de manter os nossos próprios segredos.
Vivemos querendo provar. Provar para os outros o quanto somos independentes, adultos, sensatos e donos de nós mesmos. 
E esquecemos que assim nos tornamos básicos, como folha de papel em branco.
Necessitamos aprovação. De pai, de mãe, namorado, colegas de classe, amigos do dia-a-dia. Dos outros. Nos movimentamos, por mais que digamos que não, ao redor do que os outros nos inspiram.
Precisamos de motivação externa para nos realizarmos, por mais que nós mesmos somos fontes de impulsão para nossas vontades.
Não lembramos que é uma delícia nos perdermos. Esquecermos do mundo ao redor, não se deixar intrigar com as bobagens corriqueiras, esquecer que amores só são para sempre enquanto duram. Esquecer as chaves, as horas, o telefone desligado. Esquecer o caminho de casa e o caminha da segunda-feira. Esquecer quem te chateia e te perder para quem te ama. Te perder nas noites de vento e te achar logo mais... Quando já souber de quem se trata.
Mas ainda digo e repito que...
Se perder é saber se deixar levar pelas vontades e desejos, a tempo de poder se resgatar de volta. É saber o bem que faz pra si, e não para os outros. Esquecer da segunda opinião e se apaixonar pela primeira - a sua.

sábado, 2 de julho de 2011

[o nada]

Eu esbarrei em você sem querer. Eu não te procurava, mas te achei.
E o problema talvez tenha sido esse: ter te achado em algum momento, ou melhor, naquele momento.
De ali em diante, qualquer dia era domingo de primavera. 
Insana fui eu. 
De me entregar, de me deixar, de ser só você em mim. Era de segunda à segunda, sem intervalo e nem tempo pra dormir. Era meu último desejo e meu primeiro pensamento. 
Os anos passaram e cada lágrima que eu derramei por ti, nem hoje tu sabes e aqui tu nunca esteves para secá-la, e de um jeito nobre, evitasse que elas molhassem o meu sorriso de menina levada.
Seria orgulho falso meu se dissesse que você nunca segurou minha mão. Pelo contrário, você foi quem mais me segurou e me levou a diante, me empurrou pra onde eu nem mais acreditaria que iria chegar.
Eu pensei que aqueles problemas de lá atrás seriam o fim do nosso mundo. Doce ilusão, assim fosse.
As provas começaram a se acumular por debaixo do meu nariz e eu ainda não queria pensar que poderia tudo ser real. Comecei a delirar, mas o quanto mais rápido possível, varria tudo para debaixo do tapete e rezava para que isso nunca acontecesse.
Daí aconteceu.
Daí fodeu. Daí estragou tudo. Daí saiu do meu controle para onde nem em pensamentos mais eu sou a manipuladora, fugiu do meu controle ter todos os teus sorrisos só para mim.
Deixei de necessitar você. Enterrei todo o ar que respirava. Voltei para o nada.
Só por medo de ver você segurar a mão de um outro alguém -  e esquecer que a minha continua, como sempre, frágil, clamando pela tua alma quente que desfaz todo esse meu vazio.
Virei o nada, só por medo de te procurar e te achar - longe de mim.