quarta-feira, 19 de outubro de 2011

Fala que me ama... - Só que é da boca pra fora*

Se eu soubesse que aquele seria o último olhar que eu teria de você por meses, talvez ele tivesse acabado de outra forma. Com aquele rastro de quem olha com desejo e com receio, de ficar longe, ficar tardio, tornar saudade. Se eu olhasse já sabendo o depois, eu te olharia diferente, e exigiria de ti muito mais do que já exijo: uma vida pra mim. Ou ao menos, uma atenção toda voltada a mim, onde não faltaria afeto e juras de amor.
Se eu realmente tivesse o dom de prever o futuro - e não de adivinhar, como sempre faço - as coisas seriam diferentes, mas quiçá, sem graça.
Agora eu não sinto "saudades" suas, eu só sinto a sua falta, e sim, é diferente. 
A falta da tua mão, do teu abraço, do teu cheiro, da tua voz e das risadas. Até da minha cara vermelha com olhos de orgulho pra ti.
Mas o problema, tu sabe, isso já faz tempo que eu ando sentindo, não é só por conta da tua falta aqui agora. 
Já fazem-se meses e quase até anos.
Pela primeira vez os meus planos bem articulados não se fazem jus : não tenho a mínima ideia se sorriria ou choraria se te visse agora, pintado na minha frente. Mas que todo o depois seria mais do que tempestade em copo d'água, eu tenho certeza.
Que daí, meu bem, amanhã eu acordava com a cara mais linda do mundo, sem essas rugas e muito menos essas olheiras e correria pelas ruas a fora sorrindo, um sorriso tão falso que já me conquistou: já se tornou verdadeiro para mim. 
E um daqueles olhares do tipo: até a próxima vez que ele se afastar, me deixar de lado ou me magoar. Dure enquanto durar. E eu ainda passaria a noite toda abraçada no travesseiro pensando em ti e mandando bem de mansinho, involuntariamente, meu anjo da guarda ir te visitar e te dar o meu "boa-noite, durma com os anjos, meu anjo", e ainda pediria a Deus não por mim, e sim por ti. Que tu sejas feliz e esteja seguro de todos os males. Eu, bom, eu me viro como der. Mas que tu esteja aqui do meu lado.
Já passou da conta de dizer que isto é doença, mania, hobby ou qualquer coisa: é masoquismo, é gostar de se dar mal e levar, mas o caso agora é só um: sem você, primavera sem cor, flor, aroma, amor. 
Agora que o sol brilha la fora aqui neva e tem previsão pra mais nevasca, e não há calefação que dê conta. 
- Senta e chora. -  Porque agora eu não sinto mais aquela dor lá no fundo, agora é aquela dor aqui em cima, na cabeça. Aquela dor racionalmente irracional que te pede vinte e cinco horas por dia o porquê de eu não ter ido correndo ainda pros teus braços e dizer amém pra todas as coisas insanas que tu faz com o meu coração. De dizer pelo amor de Deus, me dá a mão, mas dá de verdade, não fica no faz de conta.
Para, de uma vez por todas, com essa mania de gente sem personalidade, que te cumprimenta sem apertar a mão, aquele cumprimento frouxo que não te dá confiança. Parece até ter nojo de te tocar, ou medo.
Mas por favor, depois de tudo isso, não diga que me ama. De forma alguma. Nem em braile, chinês, japonês, coreano ou o escambau. 
Tudo bem a culpa não ser só tua, tu me deu amor, eu egocêntrica sempre quis mais do que isso, sempre achei que aquilo que tu me davas era pouco, mas era valioso. Agora que nem esse pouco me sobrou, eu quero tudo.
Mas não fale mais da boca pra fora. 
Quem ama cuida, protege e necessita. Tu nem te lembras que existo. Então sai, varre pra fora de mim tu com todos os teus predicativos do sujeito que guardei.
Mas se vieres de mansinho novamente, dizendo missing you, eu quero você aqui.... Lá vou eu, burra, insana, típica atriz de novela mexicana: levar de novo pra fazer mais drama. Aliás, dessa nossa novela eu sou a protagonista, roteirista, áudio, luz, câmera, faxineira, mas nunca, "ação" e "corta". 
Então já que até a mulher de pés descalços e roupas brancas me disse: "é só tristeza, calma porque a gente não cura "assim", de uma hora pra outra", por favor: me cura, me fere, mas me deixe viva. Me faça lembrar novamente... Pois mais dias ou menos dias volto correndo porque algo aqui dentro me culpa vinte e quatro horas: bem feito, mais um dia que tu perde, mais um dia que o resto ganha ele. 


- Onde está você agora?*


* trechos de  "Sozinho" - Peninha, Caetano, Ivete e lá vai. 





quarta-feira, 12 de outubro de 2011

Bem nada a ver: a tua glicose

Ontem era a estrela que mais brilhava, e como em um passe de mágica, o tempo tratou de atender os meus pedidos: tratou de minimizar, de tirar do centro, de degastar e de levar embora toda a constante paixão que entornava você diante dos meus olhos.
Não que seja triste ou melancólico: pelo contrário, é simplesmente nada.
Não doi e não fere, mas faz falta. 
Aquela coisa toda, os confeites ultra coloridos ao teu redor, que pintavam nossos sorrisos e faziam me tremer as mãos hoje parecem uma xícara de café preto. Na verdade, não: parece chá das cinco. Aquele gosto sem tesão, aquele amor sem paixão. Nem sei se é carinho ainda. É nada, costumeiro. Acostumou. 
Não é mais novidade, a pedra dura quebrou e a água mole endureceu.  
São coisas normais da vida: tudo aquilo que é up em um dia, acaba se normalizando depois - cedo ou tarde, tudo  (tende a ) perde o sabor.
A paixão acaba, a novidade termina e acabamos já conhecendo tudo, fazendo o trajeto de olhos fechados. Bem isso: acostumamos. E tudo que vira costume perde o cuidado.
Cuidado! Não deixe que seu amor, sua estrela tão brilhosa, torne-se normal, como as outras. Todo mundo precisa de uma estrela nova a cada dia, para motivar e tornar sweet "dia feliz" a nossa vida. 
Nada mais doce que a novidade. Nada mais perigosos do que a rotina: perdemos os cuidados, passam desapercebidos os detalhes e a vida torna-se, novamente, igual a todas. 
Que brilhe e a glicose daquele doce mais doce não se perca....