quinta-feira, 17 de novembro de 2011

Mas será que merece?

De repente ela começou a acreditar numa forma maior que lhe guia todos os dias, atendendo às suas preces, ou quase todas. Ou melhor: atendendo aquelas que devem ser atendidas, que dão, de passo em passo, continuidade à vida.
Então começou - e comecemos - a pensar no porquê de toda aquela confusão e estômago comprimido para a vida. Ela é bela e sempre se justifica.
Desde então, fez simples: entregou nas mãos de Deus, Destino, Vida, seja lá o que for... E deixou que então, este, fizesse cada dia seu, colocando no caminho, atitudes, aprendizagens, momentos e, principalmente, pessoas.
Porém não foi fácil, ao contrário. A vida lhe tirou.
Tirou anos de querer bem, tirou o carinho pela intolerância, tirou tudo aquilo que deveria - ou talvez ainda não estejamos no fim - e fez uma limpa, tirou pó, lavou e passou, deixou a casa nova cheirosa e arejada. Arejada para o novo e para o "deixa ser". Que assim seja. 
Seus dias passaram a brilhar mais forte, a desejar, ansiar, tudo com maio vontade.
Ela estava tão bem - ou se enganava melhor ainda - que mal sabia se merecia tudo aquilo, toda aquela abundância de alegria, amor e principalmente, paz e harmonia. No fundo até sabia que os dias negros andavam  tão pesados, e já era hora de aparecer o tal sol.
Mas algo ainda lhe causava dor: aquela velha mania de querer saber se o futuro, por vez, se encarrega de afastar aquelas pessoas ou aqueles momentos, ou se não, se vai voltar, mais bonito, mais florido, mais intenso.
Talvez. Mas essa droga de talvez deixava seu coração comprimido, seu estômago e até suas lágrimas queriam cair, mas o caso do equilíbrio com o externo não deixava: acho que a felicidade fez todas as tais lágrimas secarem.
Ela pensou em deixar correr, deixou, tá deixando, mas a saudade aperta e a dor lateja. Então, pediu baixinho, teve. Não resolveu, piorou, derrotou.
Agora quer... As respostas finais. Mas ainda assim, lá no fundo, ela diz : será que aguento? Sim, aguento. Mas será que um dia cura aqui dentro? 
E procura-se a resposta.
- Gratifica-se.
E bem.

O amor precisa de sol e do barulho da chuva*

* Exato momento - Zé Ricardo

Estamos precisando de um reencontro em nós. Nós, como dois, não mais como uma soma em um. Precisamos, mais do que antes, de sol. De alegria, de renovação, de novos desafios. De novos carinhos. Estímulos.
Precisamos da chuva para nos acomodar debaixo das cobertas em frente à televisão. Precisamos voltar em nós, pintar as paredes já mofadas pelo tempo, e então, abrir as janelas, escancarar as portas, e vibrar com o coração, um sorriso da alma esboçado em nossos lábios. Nós precisamos aprender a caminhar sozinhos, para então, essa história dar certo. De juntar a minha estrada, com a sua. Trilharmos nosso futuro lado-a-lado.
Mantenha a fé, eu me mantenho rezando por mim - e mais por você.

terça-feira, 8 de novembro de 2011

quinta-feira, 3 de novembro de 2011

Minha janela d’alma


Quis levar em meu peito
Só o que bastasse

Não o que pesasse
Como as angustias e os medos
Que por hora me fizeram crescer
Mas que na estrada, hei eu de deixar

Carregarei em meus pensamentos só o que me estremeceu
O que fez meus anjos (e muito mais meus demônios)
Trepidarem, mergulharem na emoção que me merece

Não levarei grandes artefatos
Andarei descalço pelos espinhos
Pois só o simples me basta, só o singelo, que for da alma
Quero comigo

Levarei meu sorriso de criança nos ombros cansados do velho
Levarei o brilho da juventude nos ventos da acomodação

As estradas hão de me guiar, hão de me fazer
Dos pés à cabeça, alguém maior do que eu

Mesmo que meus olhos estejam cansados e minhas mãos calejadas,
Continuarei andando...

Não me entrego por meio termo
E só caio, se for por terra



Mas ainda hei de levar comigo, a doce imagem
Da pena na mão, do olho no olho, do corpo que estremeceu

Nem que fi-lo meu ponto final em escuridão
Ainda enalteço o brilho que da minha janela verde
Um dia me fez, me formou, me elevou
De mero mortal para alma, luz e eu por completo, aprendendo a querer o bem. A fazê-lo.

Tempestade de água calma


É como o temporal
A noite de vento minuano
Que escorre pelas alamedas
Das ruas obscuras

É um temporal interno
Aqui em mim
Que transborda
Pelo corpo todo
Que por vezes
Escorre pelos olhos

É a nossa mistura
É quando eu me perco
Na confusão de nós dois

Quando viro baralho
E espero você para me pôr na mesa
Me expor
Me transpor
Do escuro medo
Para a solidão
Para estar aqui, só
Querendo você
Não posso comigo mesma
E me deparo em frente ao espelho
Manchando minha cara bonita
Com o que persiste a borrar minha maquiagem
Quando penso em algo bom,
Só penso em você.
Quando quero algo melhor,
Só quero nós dois.

E que por vez
Sua água calma
Apazigúe meu vulcão

Que não se esqueça
E me faça da cabeça aos pés
Amor, corpo e mulher.

Tornei-me em você


Passei a ser você
Antes mesmo de ser eu
Passei a viver
A querer
A respirar
Só você

Procurei por cada rua
Encontrar você
Por cada esquina
Em que dobrei
Teu perfume suave
Encontrar

Via em teu rosto
A solução que procurava
Em teu colo um calor materno
Em teu beijo a ternura em forma

Achei em ti
A felicidade que me faltava
Como a mão e a luva
Que se encaixam perfeitamente
Você era quem me empurrava
 Para frente
Para vencer
Para mim

Mas foi-se
Esquecendo que em ti
Me deixei
Sem guardar qualquer pedaço
Para mim

Me deixei escapar
Entre teus dedos
E esvoaçante como
Teu sorriso,
Deixei ir-me
Para nunca mais voltar

Pois acreditei que me dar
A ti
Serio o suficiente
E hoje choro
Por ter um dia pensado
Que aquilo que era meu
De fato,
                Nunca fora.

Teus olhos que me perderam


Os olhos da moça bela
De vestido esvoaçante e laço rosa
Sempre me deixaram hipnotizado
Pelos segredos que por de trás deles
Naquela alma que pensara possuir
Escondiam-se e dissimulavam-se
Com o brilho do teu sorriso.

Emanava de algum lugar
Aquele ar dona de si
Nunca foi minha
Quiçá de outro alguém.

Me pus a pensar
Se meu amigo
Não se tornara
Faca de gumes
E com minha amiga
Da casa vizinha que
A vida toda me fez
Quem sou
Não tenha se tornado
Um camboio tão fracionado
Contentado com a carne

E, creio que alternativa não haja:
Com a alma dilacerada
Creio que se sinta, ao bom
Amigo trair

Mas já surgiu em mim
E a sete palmos levo
A tão dúbia dúvida
Se seu coração foi só meu
Ou tu tenhas dividido
Ele com outro alguém

Só não me responda
Pior que a dúvida só a certeza

Crescei te querendo
Te enterrei duvidando
Pois nosso amor de primavera
Nos mais feios Junhos se tornou
Onde brisa que acariciava a face
Passou um furacão que sopra e
Arrasta uma alma inteira

Acabei sem você
Somente comigo

Deixei nosso filho
Deixei nossa vida

Esqueci em algum
Dos teus piscares
A mim mesmo
Nos fundos destes olhos...
... Oblíquos, de cigana dissimulada.
Você acabou
Me levou
E por hora
Aqui me acabo
Sozinho
Tentando reviver
O início
Para então prover
Um novo final
Esquecendo que são os meios
Que começam e
Terminam uma história

Mas aqui por dentro
Apesar dos meus prós e maiores contras,
Ainda peço que o mar
Devolva a teu dono...
... Teus olhos oblíquos de ressaca. 

quarta-feira, 2 de novembro de 2011

"Mania dessa gente estranha de por gente em caixinha, tipo sardinha enlatada. Um fede e o outro cheira. Um é bom e o outro é ruim. O fulano tá errado. Salada mista é tão melhor! Ah se todos provassem - se lambuçassem. Dessa tal história de viva la vida." 

O tal do fim

Mas sabe, vai continuar.
Não te nego que às vezes procuro saber de você para me sentir bem, para me sentir feliz e amada.
Nem nego que vai passar. Não que seja o fim, mas sim que seja  a nova fase.
Nós vamos, logo, nos desprendermos um do outro. Sim, é.
Vai doer, vai sangrar, mas vai passar. A vida continua.
A vida aliás, que nos força a isso. 
Um dia se libertar seria necessário, e agora está mais perto do que antes, logo chega.
Não que seja o fim, porque o fim nunca existe. Nunca se sabe quando é o fim até que se morre. E olhe lá.
Mas quero que saiba que foi bom. Que pulsou e que me fez, me construiu o teu amor e a tua atenção.
Hoje eu prefiro estar aqui longe do que aí pertinho, me dopando desse momento fictício e dizendo para mim : a distância nunca vai chegar. Mas eu aprendo a cada dia que ela já chegou, e projetar o futuro sem você me estremece o estômago.
Mas infelizmente, no nosso futuro, meu e teu, não cabe nós dois. Cabe eu no meu e tu no teu. Cada um no seu quadrado.
Contudo, o que foi bom fica pra sempre.
Cada olhar teu me dizendo  "que bobagem", cada careta minha de nojo e cada sorriso bobo fica aqui guardado. Sei lá,  a memória vai dar um jeito de arrastar pra escanteio tudo isso, mas se tu olhares para alguém que tenha nos olhos o mesmo brilho que tem nos meus, tu irás lembrar de mim. E se eu receber um abraço tão cuidadoso e preocupado comigo, lembrarei de ti.
Se precisar de um telefonema às três da manhã, você sabe o meu número. E eu irei inventar mil motivos para justificar porquê estou te ligando. Até vou usar o tempo como desculpa. Mas você vai saber que é de pura saudades e quando eu te ver, prometo que não troco de corredor no mercado só para evitar que eu entre na sua vida naquele dia e que garanta, que só eu sozinha, vou lembrar de nós. Nem com você eu quero nos dividir.
E quando eu me for para longe e tu esquecer de mim, como a tua boa memória faz todos os dias, um sorriso meu tu vais ter, quando alguma coisa trouxer à tona aquilo que o meu coração tenta: te deixar pra trás.
Tu nunca serás o meu passado e sim o meu presente não atual. Não sei se tu entendes, mas ao menos a frase é bonita.
Até daqui três anos. Ou cinco.

Só vai quando não viva

Ela se convencia, então, a cada dia fugir daquela realidade que antes doía como ferida aberta. Agora o negócio andava cicatrizando, mas qualquer batida, sangrava, transbordava. 
Os dias foram se passando e foi sendo sensato aceitar a realidade, começou a ser bom deixar a vida fluir e não esperar demais, e muito menos, te esperar
Não esperar nada da vida realmente tornou-se o hobby mais bonito, e de vez em quando, aquele brilho dos olhos da menina voltava, dava as caras, e enchia de luz todos ao seu redor, e fazia do sorriso dela o mais tocante. Ele vinha de uma profundeza tão delicada, que ainda sofre com as sombras, e chega na superfície, rica da alma, sua fonte.
Sabe que no início ela pensou que não ia dar certo? É,ela chegava a sonhar, mesmo que não quisesse. Ou melhor, confessemos, ela segundinhos antes dos olhos se fecharem, desejava com o coração em tanto silêncio que nem Deus escutava: faz ele vir até mim, faz!
Mas não veio, não vinha, e talvez, nem virá.
Então certo dia ela se lembrou que estava vivendo sem aquela parte tão profunda da sua vida, e que nem tinha notado que ela havia saído de cena. Claro, todo o dia pensava nele, mas menos, menos, e passou a ver os defeitos que o amor ou a cabeça dura dela negavam, escondiam, ou eram mentiras pela metade.
Entretanto, ainda lhe causa arrepio na coluna e frio nas mãos pensar que o ''the end" tá dando as caras.
Ela sabe que mais dias ou menos dias, dá as caras na frente dele, sorrindo e se matando de ódio por não conseguir realmente, soltar o verbo e mostrar que ela aprendeu a não mais abaixar a cabeça e rezar em silêncio. Ela aprendeu, então, a crescer, a defrontar-se, e principalmente, aprendeu com ele. 
A vida agora anda mansa, ela me contou, anda fluindo, indo e vindo, mas nesses últimos dias, parece que resquícios de uma bebedeira mal acabada, de um choro reprimido, de uma necessidade inquietante, começaram a aparecer, e aquele bruxismo que era dele, agora é dela. Ela sabe, ela sente, ela prevê. E prevê de verdade. 
A aura da menina sem ele anda tão boa que ela só pensa naquilo que quer que aconteça, e como em um passe de mágicas, acontece. E acontece mesmo, duvide quem quiser
... Eu não duvidaria, ela sempre teve um dedo puxado pro místico, se vê nos olhos que é oblíqua. 
Aqueles olhos dela escondem mares profundos, que se dissimulam em qualquer situação de perigo, e enxergam muito mais do que as outras pessoas enxergariam. Ela tem aquele dom estranho de saber o que está acontecendo, de ler a alma da gente e com os mesmos olhos, quando nos mira, responder as questões mais inquietantes da nossa própria alma. Sem ao menos abrirmos a boca.
Mas como contava, agora, ela vê ele muito, ele anda presente. Ele e os predicados e complementos da criatura.
Falta pouco tempo para forçar-se a vê-lo. Essa história de fim sempre tem aquela parte em que um esquece uma coisa na casa do outro, só pra ter a desculpa para ver se o amor acabou. E eis a questão, acabou ou não acabou?
Agora ela sabe que vai doer, que vai ser horrível e que de certa forma, seu estômago comprime e a alma repugna só de pensar em vê-lo. Mas o coração bem escondidinho clama por saber o que se passa do lado de lá. E talvez seja bom para aquietar a menina.
Daí te digo, menina, vai se dói, vai se tu não aguentas mais a falta dele e ele nem lembras de ti. Mas vai sabendo, para de iludir, vai sabendo que café preto caliente queima a alma. E que quem sabe, os sorrisos teus e dele, quem sabe, estejam ligados no mesmo destino.
Mas faça a sua escolha. Você e a sua harmonia, ele e o seu desespero de nem mais saber quem és.
Deixa que a chuvarada passe e então, em dia que estiveres só existindo, veja-o. Mas não vá nos dias em que estiver vivendo, porque daí, doce, você se encanta e babaus, ele solta o seu veneno e te envolve na mesma casca dura.