domingo, 6 de março de 2011

Vírgulas não são pontos

Se já dizem que a voz que ouvimos não é a mesma que nos emitem, quiçá os sentimentos, as interpretações.
Metade das coisas é nossa mente que cria, que almenta. Nós vemos o que queremos ver, torcemos o nariz para o que não gostamos e, cá entre nós, aumentamos nossa dor infinitamente.
Talvez ele nem tenha desligado o telefone para não atender você. Talvez ele nem quisera te passar para trás. Aceite a ideia de o celular ter descarregado, do trânsito estar parado. Aceite realidades mais amenas, não se martirize por fantasias que você, e unicamente você, pensa existir.
É só a sua mente te iludindo.
Se deixássemos de aumentar tanto as coisas, se deixássemos de ver tudo com os olhos acostumados e cansados da rotina, se inovássemos, talvez os consultórios de psicólogos não estariam tão abarrotados pelos mesmos problemas.
Se tão difícil é lidar com nós mesmos, saber medir o nosso lado bom e o ruim, se tão difícil é nos aceitarmos, então de que adianta querer entender, controlar os outros? De que tamanho nos tornamos quando não reconhecemos em nós os mesmos defeitos que apontamos nos outros? De que tamanho somos quando julgamos os outros e cometemos as mesmas atitudes?
De que adianta passar horas abraçadas no travesseiro, remoendo lágrimas e dores de algo que já fugiu do seu alcance. Que nunca te pertenceu e agora muito menos será teu... E você desde o início sabia.
Talvez se não fosse essa nossa vontade incessante de sermos o centro das atenções, o picadeiro inteiro para o show, se não necessitássemos daquele que tanto amamos a atenção extrema: inteira e exclusivamente nossa. 
Se aprendêssemos a nos controlar com um pequeno pedaço do bolo ao invés das migalhas que sempre acabamos. 
O que adianta querer subir se quanto mais cria expectativas mais te fere? 
Se a dor não fosse tão exagerada, a necessidade de atenção não fosse tão aclamante em cada um, seria mais fácil de entendermos o que realmente nos emitem. De entender cada vírgula da frase, e não como um ponto - que nós teimamos em ouvir e borrar maquiagens.


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