quarta-feira, 8 de junho de 2011

Seletando

"Tô bem".
E então você começa a desenrolar um texto que parece nunca mais acabar. Uma lição de moral, sermão de Igreja, qualquer coisa. Mas você não para e desenrola palavras que mal as percebe na correlação das variáveis - eu e você. E eu viro teu sujeito e tu se torna um verbo de ação incansável.
- Eu conheço o timbre da sua voz, sei as palavras que tu usa. Tu tá escolhendo. Tu tá quieta. Tu tá estranha! O que tu tem? "Nada, eu tô bem!". 
Não entendo a dificuldade em perceber que eu não estou de mal com você, e possivelmente, nem comigo. Eu só estou comigo, ao invés de estar com você e todo o resto.
Eu estou presa na minha casinha de madeira mal iluminada, onde tudo que passa me desperta um desejo inoportuno mas convincente: me desperta querer analisar, ter a minha base de opinião para depois formar a minha crítica, o meu preceito.
Hoje eu tô fechada em mim e não no mundo. Tô encolhida aqui dentro só com os "óinho" de fora.
Hoje eu quero ficar só pra mim, quero ver tudo do jeito que eu vejo.
Quero analisar, quero estar sã da minha opinião. 
Hoje eu não to pra me expor, me impor. Hoje eu tô pra ser, pra saber.
Hoje eu to monossilaba. 
Não to falando como quando sou regida pelo sol, mas estou falando tudo aquilo que somente se acha necessário sair de mim, ao invés de transbordar.
Hoje eu to seletiva, tô escolhendo meus amores, meus ódios, minhas opiniões, meus afazeres e até as palavras que uso. 
Hoje.




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