segunda-feira, 5 de setembro de 2011

A tua voz

De repente ouvi tua voz. 
Mas não era mais a doce e suave voz que eu estremecia, suava frio, trepidava.
Não era mais a mesma voz que me fizera por inúmeras vezes perder o chão e ganhar os céus.
O timbre que vinha de encontro ao vento era algo nostálgico, belo, dar sem querer nada em troca.
Assim éramos.
Mas a tua voz passou a ser somente uma fala. Não me trazia mais nada, só tirava. Não me somava, só diminuía.
E passamos a não mais multiplicar nosso amor, só dividi-lo.
Passamos a ter nosso amor em conta gotas, de um jeito tão sórdido que por vezes eu fugia.
Mas a tua voz passou a ser não mais o que me cativava, que eu lembrava a todos os momentos, mas sim algo que quando dirigido a mim, me tirava.
Ainda assim, há respingos de nós dois, que vem conforme o vento, e trazem boas brisas.
Trazem nosso aconchego, nosso carinho, nosso jeito de ficar e nunca mais ir.
Traz o nosso cheiro e nosso beijos.
É aquela tua voz me pedindo baixinho, ao pé do ouvido, para que tentamos outra vez. É a tua voz que me acorda nas manhãs que eu por vezes quis poder continuar a dormir, só pra saber que você estaria acordado, sorrindo ao me ver de olhos fechados e esperando para me dar bom dia.
Mas às vezes se vai. 
E é quando parece que nunca mais voltará.
A tua voz...

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